Poucas coisas no final do
século XXII eram de tanta tradição quanto o centenário prédio da TAG-Tech no Vale do Silício. Após os
primeiros contatos com as civilizações avançadas de Alfa Centauri e de
Kraxshanä, no quadrante gama da Via Láctea; a ideia terráquea de tecnologia foi
completamente alterada, bem como a visão do ser extraterrestre.
Isso porque a clássica visão criada há mais de 200 anos, nos
inocentes meados do século XX; reproduziam à comunidade oriunda de outros
corpos celestes como seres extremamente conectados com tecnologia de ponta, e
intelecto superior. Não estavam em tudo errados, a iniciativa de exploração
interplanetária de várias raças era avançada, mas poucas a exerciam tão bem
quanto a Terra.
Diversas culturas alienígenas, como as tribos em Titã; atribuíam
seus estranhos conhecimentos do campo quântico e físico à magia de seus deuses.
De fato, outras culturas com diferentes sistemas fisiológicos fantásticos, como
anulação de gravidade pessoal, resistência molecular ou telepatia física;
começaram a despontar para os recém iluminados seres humanos, a ideia de seres
maiores no Universo.
Na Terra, a típica controvérsia conspiratória humana tornava um impasse a crença em "deuses espaciais". A verdade que corria nos
segmentos mais sigilosos e conectados aos guetos extraterrestres tanto na Terra
quanto na Lua, era de que essas divindades eram os primeiros seres vivos à
habitar o Universo. Formas de vida tão poderosas que moldaram o próprio campo
quântico universal, que para a cultura humana, traduzia-se em uma única palavra
ancestral: Magia.
Durante a confecção da raça dos homens, culturas como os Yrdruianos
e os Moonh'Waaks lunares fizeram diversas abordagens à tribos terrestres. Os
antigos Vikings deviam sua cultura aos H'as Kraad, e criaram seus deuses asgardianos.
Os mesopotâmios cultuavam os Annunnaki, uma raça de humanoides de longas
tranças e barbas de quase três metros de altura. Os Egípcios faziam oferenda aos
P'Hàrös, e tornaram seus líderes
os primeiros faraós. Já os índigenas americanos entraram em contato com a
civilização do lado escuro da Lua. Os índios Mohawks americanos eram de fato
híbridos de seres humanos com os humanoides mais semelhantes ao homo Sapiens
que já foram encontrados.
Os Moonh'Waaks da Lua tinham a pele avermelhada próximo ao
pardo, olhos um pouco maiores do que seus parentes humanos, geralmente de íris
esmeralda ou púrpura. Partilhavam do mesmo sistema genital/reprodutivo e
excretor; além de serem um povo pouco versado em tecnologia, deviado a escassez de material lunar. Com exceção das
naves planadoras criadas com o estranho e volátil metal de Diatita, encontrado abaixo do
solo lunar. Moravam em galerias subterrâneas e eram as raras exceções de vida extraterrena que não sofria com a atmosfera terrestre, quando visitavam o planeta.
Escondidos da humanidade por muitas e muitas eras, outras
civilizações observaram e esperaram o crescimento da mentalidade humana, até
serem descobertos pela população mundial quando o sigilo dos governos mundiais,
que estudavam raças alienígenas secretamente, foi quebrado durante o Terceiro Tratado de Versalhes, em 2070.
Desde então, a tecnologia humana evoluiu graças ao campo
quântico, e à "magia" alienígena que envolve a matéria viva e molecular.
Mas, o futuro se desenrolou como o homem jamais imaginou; veículos não voaram
aos céus, planaram no solo graças à manipulação gravitacional ensinada pelos
Annunnaki. Clonagem e manipulação meteorológica tornou-se possível pelos H'as
Kraadianos e a viagem espacial definitiva veio por meio dos Krishina, os únicos
extraterrestres fielmente interpretados pela humanidade, através da cultura
indiana.
Mas o ser humano sempre será o ser humano. As colônias de
outras raças acabavam sendo segregadas ou exploradas. E como irmãos mais
velhos, nossos amigos de outras estrelas preferiram colonizar outras partes do
sistema solar, quando perceberam que as crianças terráqueas ainda não sabiam
brincar. A tecnologia para explorar e viajar pelo vácuo, porém, nos foi muito
bem ensinada; visto que já a dominávamos em parte.
Na Terra de 2182, os humanos eram asiáticos, negros, caucasianos
ou híbridos lunares. Visto que outras raças alienígenas não possuíam nosso
sistema de reprodução incomum de dois aparelhos genitores distintos, até mesmo
a ideia de gravidez enojava certas culturas como os Yrdruianos; Humanoides de
corpo fino e esverdeado, com quase três metros de altura, possuíam dois
polegares opositores em cada uma das mãos nos quatro braços; e um crânio
alongado, sendo ovíparos.
Em 2168, no auge da Terceira Guerra Fria, entre separatistas
lunares e Russos. O projeto Neo-Sputnik lançou o primeiro Neo-Androide
terrestre na Lua, feito de carne e osso com DNA de outras raças em uma proveta tecnológica,
o casal de meta-humanos, Yuri e Layka, arrasaram a rebelião Lunar. Um ano após
a missão, o metabolismo acelerado de ambos deteriorou seus sistemas nervosos e
as duas cobaias simplesmente explodiram em pleno campo de teste.
Nos últimos 14 anos, 126 tentativas de recriar o processo
perfeito falharam miseravelmente com os mais diversos métodos de mixagem de
espécimes. Em seu tubo de ectoplasma, na TAG-Tech, PS-127 é a mais nova
tentativa. E ele acaba de escapar.
- O
quê você fez, Katie?! – Perguntou a primeira jovem, uma garota
magricela de longos cabelos escuros, que se ajoelhou ao lado do forte rapaz que
acabara de se estatelar no chão na frente do Tubo de Ectoplasma, no qual estava
enclausurado.
- Eu
soltei ele! Anda, Laura! Vamos tirar o pobrezinho daqui! –
Respondeu a outra se afastando do console de manutenção do Tubo e se adiantando
para levantar o corpo inerte do experimento.
-
*Iiirk* é grudento! – Laura reclamou ao apoiar PS- 127 nos ombros e sentir o
ectoplasma manchar seu jaleco de estagiária da TAG-Tech.
As duas carregaram o desfalcado rapaz pelos corredores
apagados da empresa, desviando dos drones de segurança. Bolas voadoras com
sensores e Tasers flutuando à 2
metros do chão.
-
O quê... O que vocês... Estão fazendo? – As voz do experimento saia
com dificuldade de sua boca exaurida.
-
Cala a boca e anda! – Os cabelos castanhos de Katie desprenderam do coque e agora
batiam na cara do rapaz conforme ela movimentava as pernas, carregando-o.
Um dos Vigias-Drones identificou o trio, e lançando uma
ofuscante luz vermelha sobre eles, descarregou eletricidade em alta voltagem. Os cérebros humanos das duas fêmeas mal puderam interpretar o ocorrido. Quando o
rapaz saiu do chão, anulando a gravidade em seu corpo e voou em direção ao Drone, recebendo toda a
descarga elétrica em proximidade mortal, no peito. Com as mãos vazias, abriu a
bola metálica em duas metades; pousando suavemente no chão.
- Vocês estavam em perigo... – A
afirmação dele acompanhou a expressão de assombro no rosto de ambas.
- Só...
Vem com a gente, beleza? – Katie replicou pegando PS-127 pelo
pulso e estacando violentamente quando ele não se moveu.
Parado por alguns segundos, pareceu refletir, usando sozinho
seu cérebro em toda sua plenitude. Sem drogas, nem sugestivos eletrônicos.
-
Vão na frente, eu sigo. – Foi tudo o que ele disse, até
atravessarem os portões da TAG-Tech, fugindo pela noite abafada da Califórnia.
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