terça-feira, 30 de agosto de 2016

A DC Comics está perdendo tempo!


    Sinceramente é isso o que parece. A CW faz melhor uso do universo dos quadrinhos do que a própria Warner e a própria Dc Comics, e a cada renovação de temporada eles conseguem se superar. 
      Por hora, todas as fichas estão na terceira temporada de Flash, que é a mais popular da franquia da CW. Como aqui o foco não são séries em si, e sim os universo dos quadrinhos e afins, vamos falar de quadrinhos. Além da aparição do Kid Flash em uma ótima adaptação mesclando as versões Clássica e Novos52 de Wally West.

      A segunda novidade é a melhor estratégia de reboot para salvar uma série moribunda até o momento. Os caras foram bem sagazes dessa vez, usando um conceito tão característico do Flash que é o arco Flashpoint para tentar salvar a série morta-viva do Arrow
       Parando pra pensar, não existe melhor forma de repaginar algo do que voltar no tempo e alterar o presente pra conseguir um mundo diferente e "novo" que é basicamente e bem basicamente o que foi o Flashpoint. E analisando friamente, os conceitos do Flash das Múltiplas Terras e saltos entre as Terras são o que unem e continuarão unindo esse universo em franca expansão.

    A prova disso é a transição oficial do personagem do Cisco, de Flash, pra sua identidade heroica de Vibro, e a adição da Artemis no "reboot" de Arrow. São personagens que tem conexão de causa com as mudanças no presente e passado e saltos em diferentes Terras; mundos paralelos com variedades infinitas de super-seres que podem ser explorados.

     Agora vejamos, quantos bolões dá pra ganhar apostando que esse Superman da CW que vai ser apresentado na série da Supergirl vai ganhar uma série só dele logo, logo. Na visão mais pessimista, a Supergirl será introduzida na mesma Terra de Flash e Arrow, trazendo consigo o priminho dela e aí o Superman vai fazer parte dos crossovers das séries. Das quais queremos mais cenas assim:

     Ou assim:

     Depois de tanta coisa boa vindo do lugar mais improvável e, de certa forma, baixa renda; como é a CW comparada com a Warner, é muito triste ver que a DC parece estar cagando e andando para os fãs. Vamos seguir, firmes e fortes acreditando que cenas como essa podem ainda salvar desse Universo do Quadrinhos nós todos tanto amamos.


segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A Dc Comics não para! Slade nos filmes da DC!



   O vídeo, gravado e postado por Ben Affleck em seu Twitter, mostra ninguém menos que Slade Wilson saindo do que parece ser uma nave. O que isso significa? Que um dos maiores vilões da DC Comics ( dos que contam) entrará para esse turbulento Universo Cinematográfico. E como o vilão do primeiro filme do Batman e talvez, quem sabe, apareça no filme da Liga da Justiça.

     Isso é bom?

    Pelos Quadrinhos, podemos ter uma das melhores participações antagonísticas até o momento. Até porquê, É preciso um time inteiro da Liga pra parar o verdadeiro Slade Wilson.

     Mas, num Universo onde a salvação da DC Comics era um filme sem precedentes de um time de vilões sem escrúpulos, e o filme foi... com o perdão da palavra... UMA CAGADA NO PAU. Mantenha os dois pés atrás da linha de isolamento na sua Torre da Liga.

O Nirvana dos Defensores

   Mais uma vez com o Boletim Marvel de Tapa-na-Cara, que infelizmente ou felizmente; dependendo da sua fé na concorrência, está entregando um universo inteiramente novo através da Netflix. Cada vez mais faz sentido não misturar Universo Cinematográfico com Universo Netflix, pelo simples fato de que as crianças não vão estar na sala quando a Jessica Jones estiver transando com o Luke Cage ou quando o Demolidor estiver distribuindo traumatismos cranianos.


    
    Tá legal, pode-se afirmar que foi no mínimo... um dos melhores Teasers apresentados na San Diego desse ano. Os motivos: Não temos imagens da série, temos várias referências aos quatro personagens, temos a voz do Stick fazendo o que faz de melhor que é desacreditar os protagonistas. E temos Nirvana, e por mais que role um preconceito gigante com a turma do Kurt Cobain, caiu muito bem com o espírito Grunge das séries da Marvel/Netflix.

   Apesar da formação original dos quadrinhos não ter nada a ver com esse mesmo espírito Grunge e suburbano que todos nós estamos pagando um pau pra ver, a representação simbólica dos Defensores é bem definida. São a galera da segunda divisão, discriminados, à margem, e resolvendo problemas que muitas vezes passam por debaixo do nariz dos Vingadores. Além do que, são ameaças místicas, mesmo esquema que a Netflix está pendendo a seguir.

    Como provar isso? O Imortal Punho de Ferro. A série também teve seu primeiro trailer anunciado em San Diego e empolgou bastante, prometendo explorar e abrir ainda mais os caminhos místicos ainda pouco explorados na primeira e segunda temporada de Demolidor. E de quebra, vimos que o espírito das ruas não some, e que até o Universo Marvel das ruas é bem fantástico, com o Trailer de Luke Cage.

     Esse trailer não nos deixa esquecer onde estamos? As ruas. Quem vamos acompanhar? "Heróis" de rua. E os problemas? Problemas das ruas. Daí ele saca outra palavra pra não repetir as tramas, a ambientação do trailer de Luke Cage ficou muito boa e o antagonista não deixa nada a desejar, mostrando que os vilões desse movimento Underground também podem ser sinistros. Ou assim esperamos, né?!

   E de quebra recebemos um reforço estrondoso no time feminino, com Collen Wing (Jessica Henwick de Game of Thrones)  na série do Punho de Ferro, e Misty Knight (Simone Cook de Taste of Romance) em Luke Cage. A dupla conhecida como As Filhas do Dragão estarão na série dos Defensores? A resposta é: Tomara!

  Tomara que o tom dessas séries se mantenham bons, como Demolidor. Não temos muito mais informações sobre as séries até o momento, mas que essas entradas das séries estão dando uma surra na concorrência e alegrando muita gente por aí, me perdoe você que descorda... Mas...

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

2644 - EPISÓDIO VII: Banho de Sangue

9 SEGUNDOS.
         O prédio entrou em processo de evacuação. Pelotão Alfa apostos no elevador social. Pelotão Beta apostos no elevador de serviço. Preparados para contato.
7 SEGUNDOS.
         Checando pentes de munição. Submetralhadoras VectorMK4 de projéteis 7.62x54 e mira digital automatizada. Silenciador de empuxo gravitacional horizontal.
4 SEGUNDOS.
         Macacão de gel de Diatita e manto de Kevlar para melhor movimentação. Capacete de viseira holográfica da Naichingeru-Tech com capacidade de leitura térmica/ultravioleta. Botas de liga IDUA - série CatWalk. Facas de fibra de carbono da MissSwiss Armory.
1 SEGUNDO.
         Comandante Joshua Winston. Ex-Coronel da marinha britânica, dispensado do serviço secreto de sua majestade por comportamento impulsivo e uso de força letal desnecessária.
CONTATO.
         Talvez, eles até tivessem chance.
         O silêncio chegou antes dos dois esquadrões ao andar. Com todo o decoro e graça que só um pelotão de operações especiais sabe dar ao ambiente, sem emitir som algum eles avançaram pelo estreito e largo corredor apinhado de quitinetes, em pares. Seu comandante claramente leu o relatório, avançava integrando o terceiro par, abrindo mão da cabeceira.
         Onze soldados treinados em um corredor ridiculamente apertado, sem espaço para manobras. As chances de sobrevivência de alguma resistência eram ridículas, mesmo assim não seriam desbaratados por algo imprevisto. Foi aí que as coisas começaram a ficar desagradáveis para o ex-Coronel e seus amigos.
         Com um baque seco, as portas dos elevadores se fecharam, seus sensores de proximidade ignorando a presença dos dois operativos que ficaram na retaguarda de seus pelotões. O barulho fez com que alguns dos homens virassem suas submetralhadoras na direção contraria, para os elevadores. Quando constataram que a complicação não colocava em risco a missão de extração, prosseguiram com um comando de seu líder; que acenou com a mão para que o fizessem.
         Neste momento, do apartamento de frente para os elevadores, vários passos atrás do grupo de invasão; a porta da frente se abriu para o alarde dos soldados de retaguarda.
- Olha só! Isso aí é um absurdo... Eu nunca vi em toda minha experiência militar uma coisa assim! – Um grisalho senhor de idade rugia para sua esposa, outra senhorinha com o braço esquerdo fechado de tatuagens que se apoiava no outrora, ao que tudo indicava, musculoso braço do marido.
- Cala a boca, Ennio! Ainda vamos ganhar uma grana com isso, imbecil! – A idosa ralhou com o marido e ambos desceram para se juntar à evacuação.
         Os soldados fecharam a cara para o casal e os observaram caminhar vagarosamente até a porta de emergência alguns passos a esquerda dos elevadores. Se entreolharam e voltaram sua atenção para a equipe principal. Relaxados com a certeza de que a pequena área que cobriam agora estava seguramente limpa de ameaças, nem tiveram tempo de revidar aos dois altos estampidos que ouviram.
Blam.
         O primeiro dos soldados de retaguarda foi arremessado contra a porta do elevador como um boneco de pano, faltavam-lhe parte do ombro e sua orelha esquerda foi obliterada.
Tchack-Tchack.
         O segundo operativo fez pontaria para dentro da quitinete, seu capacete e sua mira detectaram um alvo, ele apontou a submetralhadora e...
Blam.
         Seu corpo foi arremessado de costas contra a parede. Sua cabeça não existia mais. Os membros do pelotão que seguiam ao final da formação se voltaram para trás apontando as submetralhadoras, agachando-se para dar linha de tiro aos que estavam mais adiante no corredor e que se viraram igualmente preparados para dar combate.
Tchack-Tchack.
         Nesse instante, do lado esquerdo do soldado encabeçando a formação, um enorme braço mecânico azul-marinho varou a frágil parede de uma das habitações pelo lado de dentro; segurou o soldado pela alça de seu colete e o puxou para o interior da quitinete, aumentando o rombo que fizera ao se projetar para o estreito corredor. Saraivadas controladas de projéteis silenciados seguiram o braço enquanto realizava a assombrosa proesa, um deles acertou o operativo refém na perna e seu grito ecoou pelo corredor.
         Um terrível grito foi ouvido. Os sete soldados restantes dividiram-se em observar agora a retaguarda e a dianteira, com contatos em ambas as frentes. A expressão do comandante era impassível; sob sua boina verde, sua cabeça acelerava em possibilidades.
KRRRRAAACK.
         A parede do quitinete a esquerda cedeu de vez, e dela o imponente traje IDUA azul-marinho saltou para o corredor, o som de servos-motores se ajustando aos movimentos.
Tssss - Tssss...
         O tiroteio recomeçou, as balas ricocheteavam para todos os lados, depois de sentirem a impenetrável carapaça do Exoesqueleto IDUA X-64. O Colosso azul-marinho ergueu sua FN-2250 e com absurda precisão abateu os dois operativos à sua frente, três tiros para cada um.
Trrreet - Trrreet - Trrreet.
Trrreet - Trrreet - Trrreet.
         O comandante recuou da formação passando para os fundos e tomando a total retaguarda, neste momento o oficial ao seu lado foi arremessado para frente, pintando a parede creme do corredor com seu sangue escarlate.
Blam.
          Percebendo que a direção do projétil que abateu seu oficial veio de suas costas, o comandante se virou.
Tchack-Tchack.
- Invadiram o condomínio errado, otário. – Grigori Dreikov o encarava, em frente ao hall dos elevadores, os dois operativos de retaguarda aos seus pés.
         O ex-Coronel automaticamente ergueu a arma para ele e apertou o gatilho, apenas para constatar que ficara sem munição, estendeu a mão para o bolsão na parte da frente de seu colete. Porém, seu inimigo o provocou.
- Você escolhe: Eu te mato enquanto você carrega a arma, e aí você morre sem honra... Ou eu te mato de frente e você conta pro demônio que eu mandei um oi. – Grigori largou a escopeta Moss.308 no chão e tirou a faca Bowie da bainha na parte de trás do cinto.
         Nesse ponto, o Major Stewart havia despachado todos os operativos do comandante. Que gritou enfurecido e partiu para cima de Dreikov puxando sua adaga de fibra da MS Armory.
Swoooosh.
         Grigori se esquivou da estocada do Comandante, pulando para o lado. Fincou a antiga faca que empunhava no flanco do adversário, perfurando seu fígado, e para encerrar cruzou-lhe o rosto em um soco. Os operativos de solo foram derrotados.
- Rapazes, as garotas estão esperando vocês no telhado. – Informou Aleksandra pelo Com.Link.
         Em instantes, chegaram ao telhado para ver o Hover de Aleksandra se preparando para retirar Gaya e as meninas do telhado. O planador militar preto e laranja da hacker tinha duas turbinas de ignição de plasma, que agora rotacionavam para um pouso vertical. Mas, aquilo estava longe de ser fácil.
- Volkovena, contato às 10:00 horas. – Alertou Stewart apontando sua metralhadora para o planador inimigo. Havia se recuperado da pane e mirava na aeronave deles.
- Merda!!! – Aleksandra tentou manobrar, sem tempo.
         A visão do espetáculo foi impressionante. Em velocidade incrível, Seth voou para frente da linha de tiro, protegendo o rosto e recebendo todos os projéteis, no momento em que a confusão e o medo do piloto voltaram toda a mira e sistemas de armas contra o rapaz.
Tunk.Tunk.Tunk.Tunk.
         Os projéteis ricochetearam para todos os lados, Seth mergulhou contra o planador sônico. Passando por baixo dele e revertendo sua gravidade para subir com força total contra a fuselagem. Varando o planador ao meio.
KRRRAAA-BOOOOM.
         Seth então mergulhou em queda livre, para buscar a parte do Cockpit e de lá resgatou o piloto. Voltou até o telhado em que estavam com o soldado desacordado em seu ombro esquerdo, como se carregasse um saco de batatas.
- Vamos embora. – Anunciou Stewart.
- Pra onde? – Katie perguntou, insegura.

- Achar respostas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

2644 - EPISÓDIO VI: Impasse


        São Francisco é o paraíso Asiático do ocidente, o último reduto da imponente e hegemônica cultura japonesa na Terra. desde que o arquipélago afundou por inteiro cerca de 90 anos atrás. Na Califórnia, manhãs escaldantes como aquela que se abatia sobre a pequena quitinete abafada das colegas de estágio, eram normais.
- Ela tá demorando demais. – Laura andava de um lado para o outro do quarto, até seu dedão esbarrar no tornozelo de Seth, sentado ao chão com as pernas esticadas, e ela voar de encontro ao próprio colchão.
­- Não entendo a sua euforia, essa gente é importante pra você? – Foi o que ele perguntou, vendo a garota estropiada entre a parede e o colchão, segurando o pé de dor.
­- É... São importantes, sim! – Laura respondeu tentando por ordem no alvoroço que se tornara sua longa juba negra após a queda.
- Eu só espero que não sejam mais problemas. – Katie comentou passando da "cozinha" para o quarto em meros cinco passos.
         O quadro holográfico se apresentou para eles, flutuando. Indicando que haviam visitantes para a quitinete esperando no diminuto saguão do antigo prédio. Laura, sentada em seu colchão, esticou o braço e estalou os dedos; chamando a atenção do quadro, que voou até ela se ajustando ao nível de seus olhos. Ela então esticou o polegar para a tela holográfica, permitindo a entrada dos convidados.
- Aí vem ela... Trouxe amigos. – Disse Laura se levantando de um salto. Seth ficara mais tenso, porém não esboçava nada.
         Katie estendeu a mão para o círculo vermelho da porta, que mudou a coloração para verde e deslizou para o lado, abrindo caminho para a figura esguia de Gaya, com seus altivos olhos púrpura, para o desconfiado Grigori e a enorme sombra do Major Stewart, ambos carregavam pesadas malas de passeio em um dos ombros. Laura se adiantou para abraçar com força Gaya, que bambeou um pouco com a intensidade violenta da garota mas, retribuiu o abraço.
- Esse é o Grigori e o outro é o Major Stewart. – Gaya apresentou os parceiros. Grigori ergueu a mão para a moça, mas também recebeu um abraço.
- Eu me lembro dele. Papai falava bem de você. – Laura ressaltou dando alguns passos para trás e se virando para Seth e Katie.
- Seus amigos? – O Major Stewart perguntou, cruzando os braços e fazendo parecer que seus bíceps aumentaram de tamanho.
- Katie. Seth. – Laura respondeu apontando com o polegar para cada um dos dois enquanto se postava entre eles.
- Esse é o... nosso colega que precisa de ajuda, eu suponho. – O Major prosseguiu com cautela ao se dirigir à Seth. Não chama-lo pelo termo pejorativo de Mímico ou cópia seria de grande proveito para manter relações boas.
         Seth nada respondeu, o silêncio começou a esmagar o ambiente. Katie o olhou mordendo os lábios, então tocou seu braço e se colocou entre os visitantes e os amigos.
- Seth, presta atenção. Eles vieram aqui pra te ajudar, trouxeram a sua identidade nova, e vão ajudar a gente a esconder você... – Ela explicava tudo calmamente, como se explicasse para uma criança porquê é necessário ir à escola.
- Mas, por que eu devo me esconder? Só quero que me deixem em paz. – Ele cortou a explicação da amiga, para a surpresa de ambas. Galyantra também se mostrou incomodada e se pôs a dar explicações.
- Antes de mais nada, as identidades e vistos novos não são só pra ele! Vocês violaram o sigilo de um projeto corporativo. Privado. – Ela informou às meninas, que se entreolharam em uma assombrosa pausa, na qual percebiam a verdadeira extensão da confusão em que se meteram.
- Caso não saibam, senhoritas, vandalismo ou espionagem corporativa é passível de morte neste país. – Concluí Stewart, atrás de Gaya. Katie levou as mãos a cabeça e Laura, por sua vez, à boca.
- Relaxa, ninguém lê os termos antes de assinar mesmo. – Grigori arriscou aliviar a tensão.
         A discussão entre as três mulheres prosseguiu no meio da apertada saleta de estar. O Major continuou à porta, verificando o estreito corredor e o hall dos elevadores enquanto inspecionava os mantimentos das malas; ao passo que Grigori se postou atrás de Gaya para ouvir as perguntas das aterrorizadas garotas, Seth estava no portal entre a saleta e o cômodo que servia de quarto. O rapaz ouvia atentamente a conversa dos estranhos com as amigas, ainda um pouco desconfiado.
         Encabulado o bastante para ouvir o som de rotores antigravitacionais de alguma espécie de aeronave se aproximando. Ele ergueu o olhar para a roda de conversa e percebeu Grigori olhando intensamente para a janela além dele no quarto, algo se iluminava sutil e estranhamente por debaixo de seu tapa-olho. Seth inconscientemente começou a flutuar.
- Acabou o papo! – Grigori avisou se arremessando contra Gaya e Laura, levando ambas ao chão.
         Nesse momento, A parede do quarto explodiu atrás de onde Seth deveria estar, microssegundos atrás. Nas últimas ínfimas frações entre segundos, o humanoide se impulsionou no ar e envolveu Katie, que estava exatamente em linha reta com o portal entre a saleta e o quarto e seria atingida em cheio pelos estilhaços e o calor da detonação. O calor dos momentos seguintes era insuportável e o som ensurdecedor varreu do espaço pequeno os gritos das garotas.
         No chão, Gaya se colocou sobre Laura, e Grigori sobre ela. Protegendo a menina de qualquer dano. Seth segurava Katie, que agarrava a jaqueta de polímero amarela e preta do rapaz com força; Ele flutuou com ela se lançando contra a parede oposta da saleta e a soltando atrás de um velho sofá. Se ergueu para olhar o rombo na parede e viu, ao abaixar da poeira, um Planador Sônico de Decolagem Vertical pairava à altura do apartamento.
- Segundo o Protocolo Constitucional 289-03, vigente à resolução da jurisdição corporativa. Vocês estão presos por terrorismo e tráfico de produção ultrassecreta. Permaneçam parados. – Anunciou o piloto do planador de seus pesados propagadores de som.
- Merda, esses caras são ousados! Stewart!!! – Gritou Grigori, do chão para o major Stewart, que adentrou o apartamento novamente com uma escopeta de bombeamento MOSS.308, e começou a descarrega-la no planador. Os pesados cartuchos faziam pesados estragos em sua fuselagem, um por vez.
Tchack-Thack.
Blam.
Tchack-Tchack.
Blam.
         No último dos dez cartuchos que enchiam seu cano, a escopeta pesada do Major perfurou a blindagem à gel do vidro do piloto, danificando seriamente o display holográfico que se projetava nele. Sem visão, a aeronave retrocedeu e liberou a área para os operativos de solo.
- Vocês trouxeram eles aqui! – Seth se precipitou para o Major, que descansava a arma em posição de sentinela. Mesmo sabendo que a força do humanoide seria quatro vezes a própria, Stewart o peitou de volta.
- Põe essa noz de plástico que inventaram pra você e chamaram de cérebro pra funcionar! Por que caralhos a gente entraria aqui primeiro e depois se mataria numa explosão? – Grigori disparou, já enfurecido pela situação. Retirando a jaqueta laranja e revelando o pesado colete de polímero de Khanü e Kevlar em gel sob a camiseta preta. Na parte de trás de seu cinto estava a imponente faca Bowie.
- Vou tirar elas daqui! Ouviu isso loura? – Gaya virou a cabeça, como se falasse com alguém, em sua mente, através de um receptor tecno-sináptico implantado; ouviu a resposta de Aleksandra Volkovena.
- Copiei. Merda, esses caras são bons, to redirecionando vocês pra saída de incêndio. Mas, vão precisar de cobertura! Têm nove assinaturas térmicas subindo pelo elevador principal! – Aleksandra visualizava a imagem do calor de vários corpos através de seu link hackeado, através do acesso roubado que conseguiu das câmeras de segurança do prédio.
- São onze. Dois pelotões e um comandante. – Grigori corrigiu, havia retirado o tapa-olho e fixava o olhar em algum ponto no chão do corredor, o que realmente via era o elevador subindo com um comando tático de mercenários.
- Droga, quase acertei... – Ele ouviu a hacker responder no Com.Link em seu ouvido. Virou-se e começou a ajudar Stewart a descarregar o conteúdo das malas.
­- Eu vou com elas, vou tira-las daqui em segurança. – Determinou Seth.
- A decisão é sua garoto. Se cê acha que aqui tá abafado é melhor se retirar, porque isso aqui vai pegar fogo. – Declarou o Major terminando de trajar seu imponente Exoesqueleto IDUA.

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

2644 - EPISÓDIO V: Déjà vu

        Los Angeles de 2189 não dorme. Na sacada de seu pequeno apartamento, Grigori Dreikov limpa sua pistola Sig. Compacta .50; uma arma antiga, porém elegante. Não muito diferente de tantas e tantas outras armas terráqueas. O homem aprendeu muito com as raças extraterrestres, porém existem vícios que não podem ser superados, apenas aperfeiçoados.
         E assim, os projéteis terráqueos de polímero foram substituídos por outros metais mais potentes e alienígenas, como a Diatita Lunar e o Kranü Centauriano. A industria armamentista virou de ponta cabeça e velhos esboços foram reaproveitados em novos conceitos. A necessidade do homem de carregar metal com gatilho e culatra não cessaria por nada. Nem quando descobriram que o conceito de arma de fogo não existia para diversas culturas alienígenas.
         Muitas raças absorveram uma modalidade fantástica e barata. A concentração de magnetismo polarizado com plasma à temperaturas incalculáveis, no que o ser humano primitivo chamaria de "arma de raio laser". Porém o conceito era aplicado à cajados, maças; machados ou martelos. Aos olhos humanos, a contradição e a dificuldade de alcançar o conceito mantinha projetos de armas do tipo à nível militar ultrassecreto.
         Para Grigori, isso era ótimo. Jamais gostou de confiar em projéteis mágicos de gracejos alienígenas. O quadro holográfico do apartamento flutuou até a sacada onde estava sentado, para lhe informar que a digital de um visitante foi reconhecida no portão da frente do prédio. Uma conhecida que não via há meses. Ele se levantou do banco alto da sacada e foi até a porta, pressionando a mão contra um círculo vermelho na altura de onde estaria uma fechadura.
         Com seu toque, o círculo tornou-se verde e a porta deslizou para o lado, para dentro da estrutura da parede; para revelar de seu outro lado...
- Gaya... Descobriu que eu tava vivo, foi? – Ele se afastou da porta com um sorrisinho e virou as costas para ela, de volta à direção da sacada nos fundos da sala de estar, aonde estava sentado.
- Eu tô com um problema. Pode ser grande. – Os olhos púrpura se destacavam como os de um felino, na penumbra do apartamento.
- Ah, é? – Ele desdenhou.
- É. – Ela retrucou.
­- Que foi? Não tá achando seus "cyber-bagulhos"? Aqui não tá. – Ele a provocou, sentando no sofá e apoiando os pés na mesinha de centro da sala de estar.
- Vai se foder! Eu só tô aqui porque é um trampo discreto e... e é de família, meio que... – Ela meneou a cabeça e sentou no sofá.
         Há 2 quilômetros do chão, o apartamento era considerado ainda baixo para os padrões de vida aceitáveis. Haviam vias magnéticas para os carros vários metros acima e ainda muitas a baixo do andar daquela habitação. Os sons dos motores e dos gritos nas galerias e comércio daquele nível da cidade penetravam os aposentos do apartamento. Bem como os diversos letreiros e neons dos flutuantes coletivos, a evolução do transporte público. Vagões únicos com propulsão antigravidade que viajavam nos intervalos de pistas magnéticas, matando o trânsito.
- Pra um cara bem de grana, tá foda aqui. – Galyantra comentou, se afundando no encosto do sofá.
- Você sabe pra onde a grana vai, não finge que não sabe. – Ele comentou, tirando o tapa-olho e permitindo que um flash de luz arroxeada, vinda de seu olho esquerdo, inunda-se momentaneamente a sala de estar. Quando tudo voltou a penumbra, a órbita negra e o círculo roxo que era a íris biônica, focalizaram a jovem mulher.
         A visão do olho aprimorado involuntariamente ofuscava o entendimento do olho direito, humano. Em uma espécie útil de estrabismo; manter o implante sob o tapa-olho era a maneira que Grigori encontrou de "enxergar menos". Podia ver as sinuosas camadas de calor se moverem pelo corpo da moça, bem como os poros de sua pele ao mero comando de suas sinapses. Distinguiu a trilha esfumaçada de perfume dela no ar, que a  seguiu da porta ao sofá. Observou a pistola Walter presa a cocha dela, por debaixo da calça baggy de camurça.
- Eu devo isso à ela. Eu sei que a reação dela não vai ser diferente do resto da família. Mas, eu devo isso à ela. – Grigori comentou, fitando a cidade para além da varanda.
- Você se culpa demais. Tá, escuta... Se me ajudar, eu descolo uma contribuição pros fundos da Illyana. – Gaya se aproximou dele no sofá, transparecendo sinceridade.
- Eu enxergo a movimentação no seu pericárdio, enxergo todo o resto também. Você não tem nem certeza se me contar que tem um problema é a coisa certa, por que tá mentindo pra mim? – Ele fixou fundo os olhos púrpura dela, concentrando-se para reter sua visão em ambos os nervos ópticos e normaliza-la.
         Sabendo que se entregou, se convencendo de que ter abordado o jovem homem daquela maneira era errada; Ela então expôs da melhor forma possível, sua linha de pensamento.
- ­Lembra da filha do Joseph? – Ela perguntou?
- Joseph... Joe Allen? O que aconteceu com ele e a esposa foi uma tragédia. – Ele respondeu.
- Pois é, nem todo mundo morre de um jeito bacana... – Ela tentou prosseguir.
- O quê? fatiados em moléculas em um dispersor sônico? – Ele a interrompeu, Gaya piscou os belos olhos felinos, revirando-os. Grigori sorriu, ao perceber que a deixava irritadiça.
­- A filha do Joe manteve contato comigo nesses últimos anos, tava morando com o tio até ser contratada como estagiária pela TAG Tech. – Foi a vez dela notar que o deixara encabulado, e sorrir quando ele se remexeu no sofá incomodado.
- Não tinha lugar pior, não? – Ele comentou secamente, aproveitando isso a moça explorou a ferida que compartilhava.
­- Ela teve acesso ao mais novo Mímico deles. – Ela informou sem muita euforia.
­- Filho da puta! E todo mundo crente que essa história de humanoide híbrido tinha passado. – Ele aparou a cabeça entre as mãos, apoiando os cotovelos no joelho. Galyantra bocejou, e depois de alguns instantes no silêncio do breu total, amenizado pelas luzes da cidade varando a sacada; ela se pôs a falar.
- Ela disse que ele é um cara legal... – Gaya é interrompida por um grunhido de descrença de Grigori – ... Que não tem noção de quem é ou o que faz.
- E você vai entrar nessa? – ele perguntou avaliando-a.
- Porra, Greggie... É a filha do Joseph. Se aquele cara não tivesse aparecido provavelmente seríamos eu e você naquele dispersor sônico! – Gaya se sobressaltou, erguendo-se do sofá em um salto e postando-se à frente dele.
         Grigori virou a cabeça e fitou novamente a cidade além da varanda, haviam pessoas naquela vida com quem ele se identificava e devia para. Colegas como o Major Stewart, Aleksandra e Gaya. Outrora Joseph Allen e sua esposa Maddie faziam parte desse grupo, o ajudaram a encontrar direção quando lhe faltava, assim como Galyantra o fez. Talvez ela tivesse razão, talvez devesse isso à Laura Allen.
- Vou ligar pro Stewart, e amanhã de manhã te encontro lá... Se quiser tem colchão sobrando aqui. – Ele acrescentou levantando-se do sofá. Ela dirigia-se à porta da frente.
­- Não dessa vez. – Ela sorriu, seus olhos hipnotizantes desaparecendo ao fechar da porta deslizante do apartamento. 

2644 - EPISÓDIO IV: B.A.B.E.L.


         Com o alvorecer da Segunda Renascença Humana, na virada do século XXI. O auxílio tecnológico provido pelas raças alienígenas que faziam da Terra um posto de troca até Alfa Centauri, permitiram o aprimoramento das interfaces de comunicação para um sistema de conexão neural. No qual a tradução dos dados era feita de forma didática e "física"; tornou-se possível tocar com as próprias mãos toneladas de gigabytes em arquivos, através de representações gráficas muito precisas.
         Ao final da fase inicial do projeto. Uma empresa sueca patenteou os direitos sobre a tecnologia ensinada pelos Annunnaki, conhecida por ser uma das raças mais severas e inteligentes no sistema solar, bem como verdadeiros nômades siderais. Com a dita patente em mãos, a Lumerian Enterprises despontou no mercado mundial com a B.A.B.E.L.
         Tornando o sistema holográfico de interfaces de comunicação, algo secundário e as arcaicas Touch Screens, obsoletas. O projeto B.A.B.E.L transferia o bruto das sinapses e da atividade mental, bem como escaneava a massa cinzenta do usuário para renderizar sua consciência no cyber-espaço. Tal tecnologia, obviamente, teve sua inauguração na área militar e lá foi mantida em segredo até a chegada da década de 2160. Uma vez que os servidores e aprimoramentos do maquinário de transferência do modelo MK.1 já eram extremamente obsoletos.
         Para acessar tais servidores; para adentrar à Biometric Artifitial Brain for Enhanced Logic; ou simplesmente B.A.B.E.L. Era necessário um Deck de Absorção. Que era constituído pelo emulador de consciência, os diversos eletrodos que saiam de seu console, e duas agulhas principais a serem introduzidas na medula e na base do trapézio.
         Era com duas dessas agulhas para inserção virtual que Katie auxiliava Laura a se plugar na rede biométrica singular de informação. Deitada em uma cadeira reclinável, uma verdadeira peça de antiquários; um acento que remontava aos antigos consultórios de dentistas do século XXI.
- Cuidado com essa merda. Pelo amor... *urhg* – Laura alertava a amiga, que sem cerimônia perfurou dolorosamente sua cervical com o agulhão do Deck de Absorção, por um buraco na parte de trás da cadeira.
         Observando, sentado em um  banquinho no canto do quarto, apinhado de pôsteres de bandas Techno e cases e mais cases de livros digitais de faculdade; estava a cobaia PS-127. Levantando-se, caminhou até o acento em que Laura se deitara, e gentilmente pediu a segunda agulha à ser inserida no trapézio da moça.
- Eu gostaria de tentar, li vários dos seus livros de Engenharia Neurossintética. – Ele informou, pedindo a agulha que Katie segurava com a mão estendida.
         A réplica de Katie foi entregar a ele a agulha de conexão, após alguns segundos ponderando se realmente um cérebro artificial conseguia consumir tanta informação num espaço tão mínimo de tempo. Pelo jeito, conseguia. A precisão com a qual a agulha foi inserida no trapézio de Laura foi tamanha, que imediatamente o estado característico de catatonia, gerado pela máquina, a atingiu.
        Inicialmente, a onda eletrostática inundou a medula de Laura. A descarga acelerou sua atividade cerebral ao máximo, era possível perceber pelo arregalar de seus olhos, e a respiração rápida e descontrolada. Até que os níveis de consciência, sinalizados no servidor holográfico ao lado do console da máquina, despencaram abruptamente. Os olhos da garota então se reviraram nas órbitas, enquanto suas pálpebras se fechavam, e ela não mais estava em um quarto, numa quitinete em São Francisco.
         A consciência dela vagou delirante pelo ciberespaço por alguns segundos, até que a necessidade humana de noção corpórea a atingiu. E lá estava Laura, inteiramente projetada em meio à infinitas linhas de código holográficos.
- Eu avisei para não me procurar, Laura. Agora sai da minha matriz de operação antes que apareçam clientes. – Uma voz feminina se projetou no ciberespaço, no que a consciência emulada entendia como som; na verdade eram linhas de código sendo interpretadas no córtex e reenviadas para o usuário.
- Mas eu vou ser a sua cliente hoje, Gaya. – A garota respondeu à "voz" depois de alguns segundos hesitando.
         A "voz" deixou escapar uma risada, ao passo que pixels incandescentes formavam o corpo de outra jovem mulher com um certo flickering. A miragem da nova ocupante da sala tremeluzia a medida que ela caminhava até a visitante.
- Prometi para o seu tio que não meteria você nos negócios, e isso inclui a minha área. – Galyantra Al'Feyt caminhou até Laura graciosamente; seus olhos, sutilmente maiores, cintilavam o púrpura hipnotizante de sua íris. Projetava-se ali tal qual era sua forma no mundo real, seu corpo parou de tremeluzir e adotou o tom de pele ligeiramente avermelhado, oriundo da Lua. A emulação era perfeita, tamanho era seu controle mental na B.A.B.E.L.
- Por favor, a gente... Eu, só preciso de alguns documentos falsos. – Laura ensaiou, seu corpo virtual falhava conforme sua euforia interferia em seu controle mental no ciberespaço.
- O quê que você fez, hein? Da última vez que ouvi de você foi quando entrou pra'quela empresa geneticista nojenta. – Galyantra rodeava o avatar de Laura sem tirar os diamantes púrpuras que eram seus olhos, da forma digital da amiga mais nova; a encarava em um tom de avaliação, franzindo a testa.
         Mesmo na B.A.B.E.L, Laura pôde sentir o magnetismo do olhar da moça, analisando-a. A mente disparou em soluções e seu corpo virtual dispersou em um flickering absurdo. Quando voltou a normalidade de uma estrutura corpórea normal, ela inqueriu.
- Já ouviu falar de um Mímico? – A menina encarou os olhos púrpuras, que já extraordinariamente projetados, se arregalaram mais ainda.
- O quê você fez, Laura? Me diz que você mexeu num vespeiro e não nos arquivos da TAG! – Espantada, Galyantra se aproximou abrupta e intimidadoramente da garota, encostando em seu avatar. No mundo real, o corpo de Laura se contorceu em um espasmo violento, assustando a amiga e o rapaz que a aguardavam.
- Foi muito rápido! Mas, ele tá com a gente agora... Ele é uma boa pessoa, ou coisa... ou seja lá o que ele é! Mas, ele não tem culpa! Ele não entende! Por favor, Gaya! São só alguns documentos de identidade, o nome dele é... – Laura proferia freneticamente, a medida que as linhas de código ao seu redor se quebravam e ruíam, o chão descascava em enormes equações flutuantes, cintilando em verde. Um enorme abismo se abriu entre as linhas de código, a meros centímetros dos calcanhares dela.
- Presta atenção, garota! Fica aonde você tá e não abre a porta pra ninguém. Eu tô indo pra aí! – Gaya disparou, antes de empurrar a jovem para o abismo do ciberespaço.
- O nome dele é... PS127...Cento e vinte... sete...sete...sete...sete... – Enquanto despencava de volta ao mundo sólido da realidade, a consciência dela travara nas últimas "palavras" que proferiu para os olhos alienígenas de Galyantra.
         Na cadeira, conectada ao deck de inserção, Laura convulsionou. As veias em seu pescoço saltavam brutalmente enquanto seus olhos reviravam nas órbitas. Relaxar é um pré-requisito importante para entrada e reentrada em ambos os mundos, coisa que a jovem não conseguira fazer.
- Merda! rápido, pega uma cápsula de Teto-Preto! vai estabilizar o fluxo de adrenalina, vou pegar um palito... – Katie apontava para um pequeno case com dúzias de pílulas transparentes, que continham um gaseificado laranja fluorescente.
 - Sem tempo. – O jovem respondeu, abrindo a boca de Laura com o máximo de gentileza possível. Ela mordeu violentamente os dedos dele, que tentava colocar a cápsula de baixo de sua língua. Porém, ele não esboçou qualquer reação à violenta mordida.
         Após momentos de excruciante apreensão. As convulsões se reduziram a espasmos e o leitor holográfico que flutuava pelo quarto em um retângulo azul-elétrico, indicou a normalização das atividades cerebrais e fisiológicas de Laura. Ao passo que ambos se inclinaram para ver os olhos da garota se abrirem, puderam ouvir suas primeiras e embaraçadas palavras.
- Seth... 'Bri... Brigada... Obrigada... – Balbuciou Laura, e se jogou da cadeira, abraçando o rapaz.
- Soa bem. Seth... gostei. – Katie se largou no colchão de gel, com um sorriso travesso.