sexta-feira, 5 de agosto de 2016

2644 - EPISÓDIO VII: Banho de Sangue

9 SEGUNDOS.
         O prédio entrou em processo de evacuação. Pelotão Alfa apostos no elevador social. Pelotão Beta apostos no elevador de serviço. Preparados para contato.
7 SEGUNDOS.
         Checando pentes de munição. Submetralhadoras VectorMK4 de projéteis 7.62x54 e mira digital automatizada. Silenciador de empuxo gravitacional horizontal.
4 SEGUNDOS.
         Macacão de gel de Diatita e manto de Kevlar para melhor movimentação. Capacete de viseira holográfica da Naichingeru-Tech com capacidade de leitura térmica/ultravioleta. Botas de liga IDUA - série CatWalk. Facas de fibra de carbono da MissSwiss Armory.
1 SEGUNDO.
         Comandante Joshua Winston. Ex-Coronel da marinha britânica, dispensado do serviço secreto de sua majestade por comportamento impulsivo e uso de força letal desnecessária.
CONTATO.
         Talvez, eles até tivessem chance.
         O silêncio chegou antes dos dois esquadrões ao andar. Com todo o decoro e graça que só um pelotão de operações especiais sabe dar ao ambiente, sem emitir som algum eles avançaram pelo estreito e largo corredor apinhado de quitinetes, em pares. Seu comandante claramente leu o relatório, avançava integrando o terceiro par, abrindo mão da cabeceira.
         Onze soldados treinados em um corredor ridiculamente apertado, sem espaço para manobras. As chances de sobrevivência de alguma resistência eram ridículas, mesmo assim não seriam desbaratados por algo imprevisto. Foi aí que as coisas começaram a ficar desagradáveis para o ex-Coronel e seus amigos.
         Com um baque seco, as portas dos elevadores se fecharam, seus sensores de proximidade ignorando a presença dos dois operativos que ficaram na retaguarda de seus pelotões. O barulho fez com que alguns dos homens virassem suas submetralhadoras na direção contraria, para os elevadores. Quando constataram que a complicação não colocava em risco a missão de extração, prosseguiram com um comando de seu líder; que acenou com a mão para que o fizessem.
         Neste momento, do apartamento de frente para os elevadores, vários passos atrás do grupo de invasão; a porta da frente se abriu para o alarde dos soldados de retaguarda.
- Olha só! Isso aí é um absurdo... Eu nunca vi em toda minha experiência militar uma coisa assim! – Um grisalho senhor de idade rugia para sua esposa, outra senhorinha com o braço esquerdo fechado de tatuagens que se apoiava no outrora, ao que tudo indicava, musculoso braço do marido.
- Cala a boca, Ennio! Ainda vamos ganhar uma grana com isso, imbecil! – A idosa ralhou com o marido e ambos desceram para se juntar à evacuação.
         Os soldados fecharam a cara para o casal e os observaram caminhar vagarosamente até a porta de emergência alguns passos a esquerda dos elevadores. Se entreolharam e voltaram sua atenção para a equipe principal. Relaxados com a certeza de que a pequena área que cobriam agora estava seguramente limpa de ameaças, nem tiveram tempo de revidar aos dois altos estampidos que ouviram.
Blam.
         O primeiro dos soldados de retaguarda foi arremessado contra a porta do elevador como um boneco de pano, faltavam-lhe parte do ombro e sua orelha esquerda foi obliterada.
Tchack-Tchack.
         O segundo operativo fez pontaria para dentro da quitinete, seu capacete e sua mira detectaram um alvo, ele apontou a submetralhadora e...
Blam.
         Seu corpo foi arremessado de costas contra a parede. Sua cabeça não existia mais. Os membros do pelotão que seguiam ao final da formação se voltaram para trás apontando as submetralhadoras, agachando-se para dar linha de tiro aos que estavam mais adiante no corredor e que se viraram igualmente preparados para dar combate.
Tchack-Tchack.
         Nesse instante, do lado esquerdo do soldado encabeçando a formação, um enorme braço mecânico azul-marinho varou a frágil parede de uma das habitações pelo lado de dentro; segurou o soldado pela alça de seu colete e o puxou para o interior da quitinete, aumentando o rombo que fizera ao se projetar para o estreito corredor. Saraivadas controladas de projéteis silenciados seguiram o braço enquanto realizava a assombrosa proesa, um deles acertou o operativo refém na perna e seu grito ecoou pelo corredor.
         Um terrível grito foi ouvido. Os sete soldados restantes dividiram-se em observar agora a retaguarda e a dianteira, com contatos em ambas as frentes. A expressão do comandante era impassível; sob sua boina verde, sua cabeça acelerava em possibilidades.
KRRRRAAACK.
         A parede do quitinete a esquerda cedeu de vez, e dela o imponente traje IDUA azul-marinho saltou para o corredor, o som de servos-motores se ajustando aos movimentos.
Tssss - Tssss...
         O tiroteio recomeçou, as balas ricocheteavam para todos os lados, depois de sentirem a impenetrável carapaça do Exoesqueleto IDUA X-64. O Colosso azul-marinho ergueu sua FN-2250 e com absurda precisão abateu os dois operativos à sua frente, três tiros para cada um.
Trrreet - Trrreet - Trrreet.
Trrreet - Trrreet - Trrreet.
         O comandante recuou da formação passando para os fundos e tomando a total retaguarda, neste momento o oficial ao seu lado foi arremessado para frente, pintando a parede creme do corredor com seu sangue escarlate.
Blam.
          Percebendo que a direção do projétil que abateu seu oficial veio de suas costas, o comandante se virou.
Tchack-Tchack.
- Invadiram o condomínio errado, otário. – Grigori Dreikov o encarava, em frente ao hall dos elevadores, os dois operativos de retaguarda aos seus pés.
         O ex-Coronel automaticamente ergueu a arma para ele e apertou o gatilho, apenas para constatar que ficara sem munição, estendeu a mão para o bolsão na parte da frente de seu colete. Porém, seu inimigo o provocou.
- Você escolhe: Eu te mato enquanto você carrega a arma, e aí você morre sem honra... Ou eu te mato de frente e você conta pro demônio que eu mandei um oi. – Grigori largou a escopeta Moss.308 no chão e tirou a faca Bowie da bainha na parte de trás do cinto.
         Nesse ponto, o Major Stewart havia despachado todos os operativos do comandante. Que gritou enfurecido e partiu para cima de Dreikov puxando sua adaga de fibra da MS Armory.
Swoooosh.
         Grigori se esquivou da estocada do Comandante, pulando para o lado. Fincou a antiga faca que empunhava no flanco do adversário, perfurando seu fígado, e para encerrar cruzou-lhe o rosto em um soco. Os operativos de solo foram derrotados.
- Rapazes, as garotas estão esperando vocês no telhado. – Informou Aleksandra pelo Com.Link.
         Em instantes, chegaram ao telhado para ver o Hover de Aleksandra se preparando para retirar Gaya e as meninas do telhado. O planador militar preto e laranja da hacker tinha duas turbinas de ignição de plasma, que agora rotacionavam para um pouso vertical. Mas, aquilo estava longe de ser fácil.
- Volkovena, contato às 10:00 horas. – Alertou Stewart apontando sua metralhadora para o planador inimigo. Havia se recuperado da pane e mirava na aeronave deles.
- Merda!!! – Aleksandra tentou manobrar, sem tempo.
         A visão do espetáculo foi impressionante. Em velocidade incrível, Seth voou para frente da linha de tiro, protegendo o rosto e recebendo todos os projéteis, no momento em que a confusão e o medo do piloto voltaram toda a mira e sistemas de armas contra o rapaz.
Tunk.Tunk.Tunk.Tunk.
         Os projéteis ricochetearam para todos os lados, Seth mergulhou contra o planador sônico. Passando por baixo dele e revertendo sua gravidade para subir com força total contra a fuselagem. Varando o planador ao meio.
KRRRAAA-BOOOOM.
         Seth então mergulhou em queda livre, para buscar a parte do Cockpit e de lá resgatou o piloto. Voltou até o telhado em que estavam com o soldado desacordado em seu ombro esquerdo, como se carregasse um saco de batatas.
- Vamos embora. – Anunciou Stewart.
- Pra onde? – Katie perguntou, insegura.

- Achar respostas.

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