sexta-feira, 26 de junho de 2015

Além dos cinco sentidos: Demolidor do Netfilx


      Antes de mais nada, deixo claro minha posição ante a série. Sim, eu confesso estar profundamente admirado pelo trabalho da Netflix em sua primeira e incrível tentativa de incorporar um conteúdo que nos diz respeito, em parceria com a Marvel. Gostaria também de deixar claro que não pretendo comparar aqui nenhum filme prévio envolvendo o personagem Matt Murdock. Deixo nas mãos dos leitores o julgamento da qualidade do filme de 2003 em questão.



 CONTÉM (Glutén) SPOILERS!





      Desde sua criação em 1968, o Demolidor é um personagem suburbano, resolve os problemas sozinho usando os punhos e a agilidade. Isso nunca foi mudado e era isso que dava pouca popularidade ao personagem no início de sua carreira. Até que um roteirista chamado Frank Miller pôs as mãos no personagem, e refez suas origens no que basicamente se vê na série.

     
 

      Miller reinventou o conteúdo bruto, sujo e violento, Que por alguma razão é o que chama a atenção. O Demolidor não tem poderes mágicos para banir traficantes nem raios de energia pra pulverizar drogas, ele simplesmente lida com o mundo real, a linha entre o universo Marvel e o nosso mundo. O que não significa que um super herói por definição não apanhe. É necessário torcer por Matt, torcer para que ele vença, porque as chances dele são as suas chances, algo em 50-50.




   

   O figurino na série é modesto, pelo menos na primeira temporada. Um golpe de sorte, já que o Demolidor na origem que é levada em consideração é algo improvisado. Matt Murdock evolui em seu estilo de luta, ele sabe sim brigar, mas quando ele põe as mãos nos bastões que são sua marca registrada, é possível você perceber uma singela melhora no nocaute de inimigos.
       O Demolidor foi o primeiro herói de rua do Universo Marvel, e por herói de rua significa que se você pretende acompanhar a trajetória dele, não vai encontrar batalhas cósmicas ou realidades paralelas. Vai encontrar muitas armas, brigas francas e sujas. Vai se  aproximar da realidade de um vigilante mascarado... uma realidade um pouco cega quando se trata de poderes especiais.


    Tudo está em uma posição decente e não exagera na conjuntura do que é ficção, do que é real e do que faz sentido. É constantemente mencionado no roteiro que não há proteção nenhuma na roupa, que ela não é funcional e que é apenas improvisada. Afinal é o ANO UM, como entendedores gostam de nos lembrar.
   Tão incrível de se notar e que realmente prende a atenção, é como a série consegue ser um gibi. Sem te forçar ler sequer uma HQ do Demolidor... assim:




     É claro que qualquer semelhança entre essas duas cenas, e até nos diálogos delas (Que são idênticas!) não pode ser mera coincidência... O conteúdo é o mesmo, o que muda é a mídia em que está sendo traduzido; Por fim, vamos avançar mais fundo nessa nova empreitada da Marvel/Netflix.


    Sobre o Rei... Muita gente ficou injuriada porque não viu o Wilson Fisk determinado e sempre um passo a frente de todos, o verdadeiro Rei do Crime. Eu sugiro que esse amigo assista o último monólogo do Rei, uma citação bíblica que ele faz preso no camburão da polícia. Ele diz que não é mais o samaritano que ajuda o hebreu assaltado, ele diz que agora se vê como o assaltante que sempre deveria ter sido.

  Logo, Fisk também é um personagem em evolução, ele ascenderá ao posto de Rei assim como Matt ao posto de protetor. Mas é possível sim, enxergar em Vincent D'Onofrio, o peso e a violência, a malícia maquiada por trás da etiqueta. E no fim se descobre que  Wilson Fisk é mais do que aparenta, fala em  mais línguas que o espectador pode perceber. Seu final pode não ter agradado à todos, quebro regras e confesso aqui que não ME agradou, mas talvez essa não será a última vez que vamos vê-lo perder a linha e sair batendo portas de carros, não é...?




   Quanto a caracterização. É quase unânime a semelhança de Charlie Cox com o personagem que nos é descrito nos quadrinhos, até mesmo em personalidade, calmo e centrado, e ao mesmo tempo emotivo e protetor com os amigos, eis Matt Murdock que gostaríamos de ver.



    Falar de Foggy Nelson é falar de um ser apenas, o que se vê na televisão e o que se lê em HQ's é excepcionalmente bem traduzido. Um amigo boa pinta e mulherengo, mas que tem muito apreço por seu parceiro e sócio.


  Karen Page tem seu passado mantido em segredo e seus atos obscuros na série ajudam a criar essa personagem complicada que ela é. Nas HQ`s Karen tem um passado difícil envolvendo desde traficantes até a galera que jura de pé junto que tem prostituição no meio.

    A adaptação de Ben Urich é ótima e passa o jornalista de boas conexões e de grande faro que ele é. Conquista bastante a atenção dos fãs com um carisma muito parecido com o Comissário Gordon do Gary Oldman. Toda via, seu destino na série é um ponto onde eu novamente me junto ao pessoal da bancada hater.




   Temos outro grande momento com a apresentação de Stick, o mentor de Matt. No melhor episódio da série, provado por estatística, mostrando que o Demoliverso é sim, gigante e vale a pena. Esse episódio em questão, que por acaso se chama Stick, faz conexões importantes com o universo cinematográfico Marvel e suas outras séries, é também bastante fiel ao livro de Frank Miller.






    Uma prova de que tudo nessa composição é fiel, é a presença da Night Nurse. A Claire? Aquela enfermeira que ajuda o Matt e costura ele o tempo todo? Ela não está ali à toa. Rosario Dawson deu vida pra essa personagem que faz parte da mitologia dos heróis de rua, é a médica das tropas, como podemos perceber pela série do Demolidor por sí só. Night Nurse também já é uma integrante desse nicho de vigilantes também por sí só e nós vamos voltar a vê-la em outras produções como Luke Cage (quem já namorou) e Punho de Ferro.



    Enfim, o universo de um grande herói urbano está todo aí, vamos torcer para que a Marvel continue a explora-lo bem e que dicotomias como a bem explorada em: Fisk-está-para-Murdock-como-Murdock-está-para-Fisk (Ufa!) continuem sendo um ponto principal no roteiro.

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