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Capítulo III - Analysis Opus
Dwayne abria os armários no
corredor/cozinha freneticamente. alguns metros atrás, Liz se sentava no sofá da
saleta de estar, observando o saco de pancadas em um canto, o livro de ficção
científica em outro, e um estranho toque Feiyt nos quadros nas paredes, algo
que Dwayne não faria.
- Porra, desculpa
Liz. Eu não tenho nada pra comer aqui. – Que grande anfitrião ele era, se
amaldiçoou por dentro, ainda sem entender o que ela fazia ali.
- Tudo bem, eu vim
de um bar. Eu já jantei. – Ela respondeu, ainda olhando em volta, Sentiu uma
pontada nos glúteos, se levantou e tirou das fendas do sofá uma faca, havia um
nome quase ilegível devido ao tamanho no qual fora esculpido no cabo de
madrepérola, pertencia à Galyantra Al Fayet.
- Tabom então, a
gente vai com a garrafa do seu primeiro porre. – Ele concluiu, retirando uma
garrafa de Synthra da prateleira do
alto. – Que tal a gente derrubar ela enquanto você me põe a par dos problemas?
-Ótimo! – Ela ensaiou a risada enquanto enfiava a faca de volta às
entranhas do estofado – Traz pra cá.
Dwayne se sentou
na poltrona ao lado do sofá onde estava Liz, encheu dois copos com o álcool
quase ácido do líquido esverdeado que vinha das destilarias do Grande Abrigo.
Brindaram e beberam o primeiro Shot.
- Alguns dias atrás, meu
superior, o Conselheiro de segurança intercontinental; Foi... tá legal ele foi
assassinado, bem na minha frente. – Ela contou, vendo a expressão de Dwayne, um
leve tom de descrença se formava em seu rosto. – O atentado no monotrilho pode
ter sido causado para encobrir isso, pelo menos é o que eu acho.
- O monotrilho que explodiu em Strauss? Cê tava lá no meio? – Ela
respondeu à essa indagação de Dwayne retirando a jaqueta e levantando a regata
bege que usava, revelando um corte recente, coberto por bandagens na lateral do
corpo. – É, parece que você viu um pouco de ação.
- Ele levou um tiro, segundos antes da explosão do vagão. Antes de
morrer, ele me pediu pra entregar três disquetes; Documentos de teor extraoficial
de designação gama, à um contato na baia de Bombay. – Ela sentiu que não contou
tudo então acrescentou – Ele parecia apreensivo, como que decidido a fazer uma
cagada, sabe? Então o inferno irrompeu na plataforma, e antes de morrer ele...
Ele me disse pra não confiar em mais ninguém de lá, me disse pra fugir.
Ela olhou para as
mãos e viu que segurava a garrafa, seu copo tornara-se uma vez mais, vazio. –
Eu entendi que você tá bem ferrada, essa parada tá com cara de ser pesada. –
Dwayne comentou preocupado.
- Eu passei nos arquivos e retirei os disquetes da sessão gama, como
ele me pediu, só que estão todos criptografados em Bahässa e Sklonistez. E
eu não tenho a mais puta ideia de como quebrar... – Ela mostrou os três
disquetes para o rapaz, que os examinou reconhecendo o brasão da C.R.U.O.
- Certo, e agora? – Ele perguntou, suprimindo a vontade de fazer outra
pergunta do gênero o-que-eu-tenho-haver-com-isso.
- D. Pelo visto você
mergulha um bocado por aí. Pensei que talvez você pudesse me ajudar a chegar à
baia de Bombay. – Ela disse meio que sem jeito enquanto ele sorria lisonjeado –
Eu posso te pagar tá?
- Não precisa me pagar, meu último rolo paga as contas do mês. – Ele
encheu o copo com mais bebida, foi quando Liz notou o quanto tinha bebido
enquanto contava do atentado. – Acontece que a minha vida também tá meio
conturbada...
- Então? – Ela se levantou, pronta pra sair pela porta e procurar
outra pessoa, com uma certa tristeza nesse pensamento.
- Calma, eu não disse não. Eu vou te ajudar, quem sabe uma distração
não ajuda a clarear as ideias. – Ela voltou a sentar, sem jeito. Não conseguiu
suprimir a vontade de perguntar o que lhe acontecera, mergulhar nos problemas
de outra pessoa e esquecer os próprios – E como você tá? parece meio sozinho
aqui.
- Tô, hoje eu tô. Hoje e sempre, acho que já deu pra perceber que eu
não tenho uma vida muito bacana. – Tinha pesar em sua voz e ele não o escondeu,
ela pôs a mão em seu joelho.
- Não tá não, hoje eu tô aqui. Eu também quero te ajudar, você faz
parte da família, e também não tá legal. – Liz sentia a
afeição por aquele rapaz ressurgir, a ajuda dele sem pedir nada em troca à
fazia se deixar em uma espécie de dívida.
- Valeu. – Dwayne se sentiu estranhamente emocionado, a última semana
depressiva que tinha tido contribuiu na formação de gotículas de suor muito
próximas aos seus olhos.
- Eu te agradeço. – Ela se ajoelhou próxima a poltrona e o abraçou.
Os dois ficaram
ali entrelaçados até que ela fungou com o nariz, fazendo Dwayne a soltar. –
Bom, eu vou procurar um hotel – Liz disse enxugando os olhos.
- Hotel? – Dwayne riu, esfregando as mãos nos olhos também – É a
primeira vez que você desce aqui no Baixo Sétrium mesmo, né?
- Você sabe que não. – Ela riu, vendo o rapaz se levantar. pegar a
mala dela e ir para o pequeno cômodo em frente à saleta, onde havia uma cama de
casal e um armário cobrindo uma das paredes.
A cama estava
arrumada e possuía apenas um travesseiro, ela se virou pronta para agradecer e
sair, quando ele levantou a mão argumentando – Eu durmo na sala, você fica
aqui. É isso ou cê desce a rua, tem um bordel ali embaixo que cobra estadia em
serviço. – ele largou a bolsa dela na cama, a moça então se sentou no estrado e
começou a revirar a mala, em busca de pijamas, mas desistiu da empreitada.
- Tudo bem, de qualquer forma. A gente não vai se demorar aqui mesmo,
né? – Ela perguntou, esperando ouvir o que queria, torcendo para isso.
- Não, acho que amanhã a gente desenvolve um plano. Agora, eu vou
deitar ali um pouco. – O rapaz se despediu, fechando a porta do aposento.
Elizabeth acenou
com a cabeça, apagou a luz do quarto, tirou o coturno e as calças e deitou na cama; virada de lado no escuro,
notou algo no assoalho. Se inclinou e retirou um holopad do chão, a principio a
armação retangular vazia não mostrava nada, até que Liz pressionou o botão de
ligar. Se sobressaltou com a luz da imagem que se projetou holograficamente no
retângulo, se cobriu por inteira no lençol, escondendo o brilho do aparelho que
passaria pelas frestas da porta fraca.
Agora
"escondida" ela pôde observar que dali se projetava uma bela paisagem
do mar batendo nos rochedos alaranjados em um belo nascer do sol, em caracteres
holográficos que saltavam do canto inferior esquerdo, leu a mensagem de carinho
de outra pessoa – Enseada de Kahyman -
meu Sol não é assim sem você. Gaya. – Elizabeth
desejou não ter visto a holografia, percebeu estar entrando em um território
delicado, em feridas muito recentes, tornou-se para o outro lado, apagando uma
vez mais a paisagem.
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